Campina Grande, no Agreste da Paraíba, é a primeira cidade do Nordeste a receber a exposição “Movimento Armorial 50 anos”, que celebra o movimento criado pelo escritor, ensaísta e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna. O projeto está aberto ao público no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), conhecido como “Museu dos Três Pandeiros”, a partir desta quarta-feira (18) até o mês de agosto.
A exposição foi idealizada pela produtora cultural Regina Godoy em 2019, quando ela conheceu o movimento que completaria 50 anos em 2020. A partir de então, ela contatou a curadora premiada Denise Mattar, e juntas tocaram o projeto que já passou por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.
Ao todo, são mais de 200 peças de artistas como Francisco Brennand, Gilvan Samico, Aluísio Braga, Zélia Suassuna e do próprio Ariano Suassuna. Todas elas recolhidas com colecionadores e instituições públicas, como o Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A exposição foi dividida em três salas: a primeira sobre a fase experimental e segunda fase do Movimento Armorial, com obras de Samico, Brennand entre outros; a segunda sobre a vida e obra de Ariano, com registros fotográficos e manuscritos dele; e a terceira sobre o cordel, manifestação artística admirada por Suassuna.
Denise Mattar, curadora da exposição,explicou que Campina Grande foi escolhida para receber o projeto principalmente por conta da capacidade museológica apresentada pelo Museu dos Três Pandeiros, Obra de Niemeyer. A exposição está aberta ao publico gratuitamente, de terça a sexta, das 10h às 20h, e aos sábados e domingos, das 14h às 20h.
“A gente começou pelo Nordeste aqui na Paraíba, onde Ariano nasceu, e depois vamos para Recife, onde ele viveu. Temos cerca de 200 peças de artistas extraordinários reunidas! É uma alegria estar aqui!”, disse Denise.
Entre as obras expostas, estão os desenhos de Francisco Brennand e a recriação dos primeiros figurinos de um dos textos – que se tornaria peça e filme – mais populares de Ariano Suassuna: O Auto da Compadecida.
Obras do artista Gilvan Samico, chamado pelo próprio Ariano de “o mais Armorial dos Armoriais” segundo a curadora, também estão sendo apresentadas ao público.
A esposa de Ariano, Zélia Suassuna
As iluminogravuras feitas por Ariano para contar sua própria história de vida também foram expostas. E a Onça Caetana, um dos principais personagens do paraibano, abre a mostra na entrada no MAPP.
O Movimento Armorial surgiu em outubro de 1970. Criado por Ariano Suassuna, tinha o intuito de mostrar ao mundo a cultura popular do Nordeste através das mais diversas manifestações artísticas culturais – pinturas, esculturas plásticas, músicas, etc.
Segundo os organizadores da exposição, Ariano queria que os artistas, muitos deles influenciados pela arte europeia, começassem a olhar também para as belezas da cultura popular nordestina. Para ele, as manifestações artísticas da região renderiam obras que poderiam ser reconhecidas mundialmente – como hoje são.
Ariano plantou a semente que dá frutos até hoje. O artista plástico e filho de Ariano Suassuna, Manuel Dantas Suassuna, disse ao g1 que o Movimento Armorial surgiu quando ele tinha 10 anos, mas que até hoje as belezas da ideia do pai e o amor pela Paraíba o rodeiam.
“Meu pai era paraibano e a gente aprendeu a amar a Paraíba através dele. Quando soube que [a exposição] seria aqui em Campina Grande fiquei muito feliz. Dá a oportunidade do pessoal do interior ver a exposição e nós temos uma memória afetiva com a cidade”, disse.
A exposição Movimento Armorial 50 Anos abre ciclo de atividades de uma mostra que celebra o movimento. O projeto também terá atrações musicais gratuitas, no Teatro Municipal Severino Cabral, e oficinas de xilogravura.