A líder do terreiro de Candomblé em João Pessoa, Lúcia Oliveira, conhecida como Mãe Lúcia de Oxum, utilizou suas redes sociais para denunciar um caso de intolerância religiosa sofrido durante uma corrida de aplicativo nesta segunda-feira (25). Segundo relatos da sacerdotisa, ao solicitar um carro por aplicativo para uma consulta médica, foi surpreendida com mensagens discriminatórias e racistas por parte do motorista, identificado como Leonardo no sistema da empresa.
O motorista teria enviado uma mensagem pelo aplicativo recusando a corrida, utilizando expressões religiosas ofensivas, e posteriormente cancelou o chamado. A atitude foi considerada como racismo e intolerância religiosa por Mãe Lúcia, que registrou um boletim de ocorrência contra o motorista.
Em suas redes sociais, a líder religiosa repudiou veementemente o ataque discriminatório, destacando a necessidade de combater a intolerância presente na sociedade. Ela ressaltou que tais atitudes revelam preconceitos e estereótipos injustamente direcionados a pessoas de diferentes credos.
A denúncia de Mãe Lúcia ocorre em um contexto em que a Lei 14.532/23, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano passado, equipara a injúria racial ao crime de racismo e endurece as penas para quem praticar atos que obstruam ou empreguem violência contra manifestações ou práticas religiosas.
A Uber emitiu uma nota informando que não tolera qualquer forma de discriminação. Afirmou que, em casos dessa natureza, a empresa encoraja a denúncia tanto pelo próprio aplicativo quanto às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei.
A nota é concluída com a informação de que a empresa reafirma o compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o app.
A sacerdotisa recebeu a solidariedade de algumas entidades, inclusive da Juventude de Terreiro da Paraíba, que enviou uma nota de repúdio contra a intolerância religiosa.
“É inaceitável que, em pleno século XXI, ainda enfrentemos manifestações discriminatórias baseadas em crenças religiosas. A recusa do motorista em atender às solicitações, utilizando uma expressão religiosa como justificativa, é um claro exemplo de intolerância e desrespeito aos direitos fundamentais de liberdade religiosa e igualdade. Exigimos uma resposta imediata e eficaz por parte da empresa responsável pelo motorista em questão. Esperamos que essas medidas sejam tomadas para garantir que casos como esse não ocorram novamente, incluindo a implementação de políticas de treinamento e conscientização sobre diversidade e respeito às diferentes crenças religiosas. Além disso, estamos demandando que o Ministério Público da Paraíba atue com rigor na investigação e punição desse ato de intolerância, assegurando que os autores do fato sejam devidamente responsabilizados pelo seu comportamento discriminatório.”