Há poucos dias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), estudantes cegos intensificam os estudos em um curso preparatório no Instituto dos Cegos da Paraíba, em João Pessoa. Os alunos recebem aulas de português, inglês e exatas com professores experientes na prova. Porém, o principal foco do cursinho é explicar a funcionalidade da prova e como os estudantes podem usar os recursos disponíveis.
O estudante Dionísio Filho explicou em entrevista que perdeu a visão em um acidente, mas antes, quando enxergava, queria fazer uma graduação em letras. Agora, o estudante vai tentar ingressar no curso de psicologia.
Dionísio afirma que está tentando aguçar a audição, já que não pode estudar lendo o conteúdo. A estratégia é escutar o máximo que pode sobre os assuntos que costumam aparecer no Enem.
“Eu decidi que a cegueira não vai me parar, ela não pode nos parar, ela não pode ser um empecilho. Ela precisa ser um canal”, afirmou.
Os alunos com cegueira possuem direito a tempo adicional, prova em braille, auxílio para leitura, sala de fácil acesso e, com ajuda da tecnologia, podem ter acesso aos textos com um leitor de tela. Em 2023, o Inep concedeu mais de 8 mil atendimentos especializados a candidatos com algum tipo de deficiência visual.
A estudante Letícia Albuquerque conta que é o seu primeiro Enem e está ansiosa, mas também está confiante por causa da preparação que recebeu no cursinho.
“Eu acredito que vai dar certo, eu estou tendo preparação aqui, eu tô estudando em casa também, mas a gente só sabe na hora”, disse a estudante.
O diretor da instituição, Marco Lima, destaca que o projeto deve seguir no próximo ano com vagas abertas para estudantes desde o 1° ano do ensino médio. O cursinho preparatório é gratuito para alunos e usuários do Instituto dos Cegos da Paraíba. “Queremos encher as universidades de pessoas com deficiência visual”, afirmou.
