Uma missa realizada no fim de semana na cidade de Montadas, pertinho de Campina Grande, colocou no mesmo ambiente o senador Veneziano Vital (MDB) e o ex-prefeito e deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) – os dois votados ano passado no município.
Veneziano e Romero subiram ao altar, em um determinado momento, para fotografias ao lado do padre e do prefeito Jonas de Souza.
Mas a semiótica da fotografia mostra, de forma inequívoca, uma realidade que o mundo da política já conhece há tempos: a distância que há entre os dois – sob o prisma do xadrez eleitoral.
Romero e Veneziano comandaram a prefeitura de Campina Grande por oito anos (cada um deles), mas com estilos bem diferentes. E protagonizaram, desde 2012, embates diretos pela gestão da segunda maior cidade do Estado – com Rodrigues saindo vencedor em todos eles até hoje.
Em 2012 Romero venceu a candidata de Veneziano à sucessão, Tatiana Medeiros. Quatro anos depois foi reeleito prefeito enfrentando, diretamente, o emedebista. Já em 2020 foi o principal responsável pela eleição de Bruno Cunha Lima (PSD), já no primeiro turno, tendo como principal adversária a esposa de Veneziano, Ana Cláudia Vital.
Porém, os ventos (e conveniências) da política começaram a soprar, para alguns, em novas direções.
Mais recentemente o grupo Cunha Lima firmou uma aliança com o senador emedebista. E Romero, apesar de tentar minimizar o cenário, tem tido dificuldade em conviver com o novo palanque.
E não por uma questão pessoal. Há uma razão, do ponto de vista da política, muito mais significativa.
É a necessidade de sobrevivência e a teoria da física, jamais superada, de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo.
Com Veneziano no palanque Cunha Lima falta espaço para Rodrigues em 2024 e, também, em 2026. E aí o resultado não poderia ser outro. O altar da igreja de Montadas até que tentou, mas definitivamente, hoje é muito difícil pensar os dois em um mesmo grupo pelas ruas de Campina Grande.
E eu disse hoje. Mais à frente, contudo, as nuvens poderão mudar de lugar. Por enquanto, porém, a semiótica da foto continua valendo. Ao que tudo indica, para o horizonte de 2024 e 2026.
Com Jornal da Paraíba/João Paulo Medeiros