Em meio ao passar das horas de trabalho, os dias cinzentos do lixão ganhavam cores com os restos de giz que a menina Patrícia Rosas conseguia para brincar de “escolinha” com as crianças que catavam lixo com ela. Sem prever mas confiante no futuro, ela ensaiava a missão que teria quando crescesse, só que em um ambiente improvável para sonhos. Três décadas depois, agora com 40 anos, ela tomou posse como professora efetiva do Departamento de Educação da Universidade Federal da Paraíba.
A família da professora é grande. Ao todo, os pais dela tiveram 10 filhos. Em uma época financeiramente difícil, a única saída possível foi chamar o lixão de lar. No bairro do Mutirão, em Campina Grande, no Agreste da Paraíba, um barraco se tornou a casa da paraibana.
Ser professora sempre foi a meta de vida de Patrícia. Mas na educação básica, que teve muitos anos de dedicação dela.
“Mas ser professora da universidade parecia um sonho muito distante. Eu acreditava que não ia romper essa barreira. É muito difícil o concurso. São pessoas altamente competentes”, revelou.
Mesmo sabendo que concorreria com muitos candidatos – quase 50 –, Patrícia contava com a confiança de quem nunca tinha parado de estudar. Depois da graduação, ainda vieram mestrado, doutorado e pós-doutorado.
“Quando você estuda muito, você começa a acreditar que aquilo é seu também, que a universidade também é o seu lugar. Eu achava um lugar muito distante pra mim. Faz uns dois anos que comecei a acreditar e comecei a me preparar. Nós podemos estar onde queremos estar”, ressaltou.
Por fim, a professora reforça a importância da educação pública para o funcionamento da sociedade.
“As pessoas falam em tecnologia, desenvolvimento. Nada disso vai acontecer se não passar pelo banco de uma escola. A educação é primordial pra qualquer mudança. Eu acredito muito na escola pública, na educação pública. Dessa escola que vão surgir as pessoas que vão mover o país. Eu sou uma história de superação da escola pública”, concluiu.