“Esperança no Espaço” é o nome do projeto que foi vencedor do Prêmio LED 2024, da Globo, na categoria “Empreendedores e Organizações inovadoras”. Por meio da iniciativa, reeducandos da Cadeia Pública de Esperança, no Agreste do estado, fabricam telescópios que são doados para escolas públicas.
Foram a paixão e os estudos sobre astronomia que fizeram o policial penal Lindemberg Gonçalves Lima, idealizador da ação, despertar entre muros e grades o interesse dos apenados pelo assunto. Além disso, fazer com que quem está passando pelo processo de ressocialização “viaje” pelo universo sem tirar os pés do chão.
“Nosso sentimento é de felicidade porque o projeto está cumprindo o objetivo. O foco, na verdade, é ressocializar, dar oportunidade para os reeducandos e democratizar a astronomia”, comemorou Limdenberg.
O trabalho na unidade penitenciária, além de duro, pode ser mais simples do que parece. O que se comprova com a lista de materiais necessários para a construção do equipamento, que começa com cabos de vassoura e vai até pedaços de cano.
A fase de destes dos telescópios durou cinco meses, período em que eles não saíram da cadeia. Depois de prontos, foram levados para as praças de Esperança, onde foram testados pelos moradores do município.
“Foi incrível a sensação de vitória. Conseguimos tirar da teoria a primeira luz que captamos, que é a primeira imagem de um telescópio. Foi uma comemoração ver que conseguimos superar barreias”, lembrou o idealizador.
Os materiais usados na fabricação dos telescópios são de baixo custo e toda a força de trabalho empenhada é dos detentos. Em troca, os apenados ganham aulas dos professores d as escolas que recebem as doações, adquirem qualificação para o mercado de trabalho e também podem conseguir redução do tempo de pena.
As aulas, por exemplo, já proporcionaram resultados positivos para os reeducandos. Alguns deles fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e foram aprovados para cursos como gestão pública e pedagogia.
“Eles ficaram muito felizes em ver que o trabalho que eles estão desempanhando tá ganhando o reconhecimento da sociedade. E que isso, para eles, é uma oportunidade de voltar pra sociedade pela porta da frente, né?”, reforçou Lindemberg.
Depois que conheceu o telescópio, a juíza 1ª Vara da Comarca de Esperança, Paula Frassinete Nóbrega de Miranda, decidiu apoiar o projeto com a doação de verbas para a compra de matéria prima para a produção de novos exemplares.
Ao todo, oito telescópios foram produzidos na Cadeia Pública de Esperança e outros cinco estão em fase final de produção. A estimativa é que em 2024, pelo menos 600 equipamentos sejam produzidos e doados para escolas da rede estadual de ensino da Paraíba para facilitar a aprendizagem dos alunos sobre astronomia e astrofísica.
O projeto foi inscrito na categoria “Empreendedores e Organizações Inovadoras” do Prêmio LED, que contempla iniciativas que contribuem com a educação além do ambiente escolar.