Funcionário de mercadinho lembra crime pelo qual professora do Rio presa por engano foi acusada: ‘Injustiça com ela’

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O gerente administrativo Robelino Roberto de Oliveira viveu momentos de tensão em 2010, ao ser coagido a por telefone a transferir R$ 8 mil enquanto o criminoso dizia que iria matar todos no mercadinho onde ele trabalhava em São Francisco, no Sertão da Paraíba. Após 13 anos, a professora Samara Araújo ficou presa por oito dias por engano, no Rio de Janeiro, pelo crime que foi cometido quando ela tinha apenas 10 anos.

“Pelo período é até incoerente uma menina de 10 anos ter se envolvido num negócio desse. A menina ficar presa por engano 8 dias longe da família e longe do filho. Foi uma injustiça com ela”, afirmou o gerente administrativo.

Robelino relembra que por volta das 14h em 2010, o telefone tocou e pediram para que a ligação fosse repassada para pessoa que estivesse operando o caixa, então ele, que estava no fundo do mercadinho, foi chamado.

“A pessoa se identificou como funcionário dos Correios e pediu para testar se o sistema estava funcionando, porque o nosso sistema era via satélite e o deles também. Sempre que tinha queda de comunicação um ligava para outro para saber se a comunicação estava normal”, relata Robelino.

O gerente administrativo testou o equipamento e avisou à pessoa do outro lado da linha que estava funcionando. Nesse momento, a pessoa iniciou o processo de ameaça. “Isso aqui é um assalto. Eu tenho pessoas aqui fora [do comércio] e se você não fizer os depósitos eles vão entrar e matar todo mundo”, relembra Robelino.

Robelino relembra que no mesmo momento duas pessoas em uma moto utilizando jaqueta e capacete estacionaram no comércio da frente. “Eu achei que eram eles”, afirma.

A vítima foi coagida por telefone a fazer oito transferências de R$ 1 mil. A pessoa no telefone informava o número da conta e Robelino deveria fazer a transferência.

“A cada depósito era uma ameça. A exigência era fazer o depósito e avisar que tava feito”, relata.
Quando o proprietário do mercadinho e outro funcionário chegaram ao local, Robelino passou o telefone para eles e avisou que era um assalto antes de sair correndo.

“Muita tensão e eu só vim me acalmar quando o patrão e outros funcionários chegaram. Só então eu vi que não tinha ninguém lá fora”, afirma Robelino.
Após entenderem o que havia acontecido, o proprietário do comércio entrou em contato com o correspondente bancário para cancelar os depósitos, mas alguns já haviam sido sacados. Eles então fizeram um boletim de ocorrência.

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Após investigações, as autoridades constataram que tudo isso foi um golpe, já que não havia pessoas em frente ao estabelecimento. O Ministério Público da Paraíba confirmou que o grupo criminoso usava CPF de terceiros.

Samara foi acusada de um crime de extorsão cometido há 13 anos atrás, quando ela tinha apenas 10 anos – o que pela lei é proibido, porque um menor não responde a crimes.

Ela estava na casa de um aluno particular quando os policiais chegaram para cumprir o mandado. “Eu me desesperei”, relembra.

As investigações mostraram que uma das contas estava no CPF de uma moradora de Rio Bonito, a mais de 2 mil quilômetros de distância.

De acordo com a defesa de Samara, o CPF dela foi roubado e usado pelos criminosos para abrir as contas bancárias. Indignada, ela não pretende esquecer o que aconteceu.

A Polícia Civil do Rio disse que apenas cumpriu o mandado de prisão e que a investigação é da polícia da Paraíba.

O Ministério Público da Paraíba afirma que se manifestou favorável à defesa assim que ficou ciente, na última terça-feira (28). O ministério confirmou que o grupo criminoso usava CPF de terceiros.

Já o Tribunal de Justiça da Paraíba disse que o alvará de soltura foi expedido e que o próprio advogado de Samara agradeceu o empenho da Justiça em solucionar o caso.

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