Primeiro transplante de coração em 2023 é realizado na Paraíba

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“Hoje é dia de realizar sonhos. Eu só tinha essa chance, e agradeço a Deus pela vida de todos que foram usados para me proporcionar isso, principalmente a família do doador”. Com essas palavras, por voltas das 12h dessa quarta-feira (18), Francisco de Assis Quixaba, 47 anos, iniciava sua internação no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade de saúde gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde) para realizar o tão sonhado transplante de coração.

A espera de seu Francisco acabou quando em Campina Grande uma família disse sim para continuidade da vida dele e de outras pessoas, pois, além do coração, também foram doados o rim esquerdo e as córneas. A captação aconteceu no Hospital Estadual de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, onde estava, desde o dia 10 de janeiro, o doador, um paciente de 39 anos vítima de atropelamento e que teve a morte causada por trauma crânio-encefálico (TCE). 

No Metropolitano, todo o procedimento cirúrgico durou mais de 6h, e a implantação do órgão durou cerca de 2h30m, tendo transcorrido sem intercorrências, segundo explicou o cirurgião cardiovascular Antônio Pedrosa. “Assim que implantamos o órgão, ele já começou os primeiros batimentos. Tudo ocorreu muito bem, a cirurgia foi um sucesso, realizada por uma equipe altamente capacitada. Agora o paciente segue para a Unidade de Terapia Intensiva Cardiológica, que é uma unidade específica com especialização para o pós-operatório do transplante cardíaco, em que tem à disposição todo aparato técnico e profissional para a assistência do nosso transplantado “, discorreu o cirurgião.

Tanto a captação como o transplante do coração ocorreram em instituições públicas de saúde no estado e o trabalho envolveu diversos profissionais, conforme pontuou o diretor de Atenção à Saúde da Fundação, Gilberto Teodozio. “Ficamos muito felizes em ter essa capacidade na saúde do Estado da Paraíba, que vem ofertando uma assistência de altíssima complexidade, que tempos atrás só poderia se encontrar em outros estados, e hoje perto daqueles que mais precisam. Esse trabalho é feito por muitas mãos, e agradecemos a todos os envolvidos” descreveu.

Bastante agradecida também, a esposa do paciente, Maria das Neves Barbosa, relatou o apoio recebido durante o tratamento do marido, com quem tem dois filhos. “Eu já havia levado ele para diversos hospitais, até desenganado por médicos ele foi, mas aqui eu encontrei anjos que nos ajudaram em todos os sentidos. Hoje tivemos essa alegria muito grande, e o nosso agradecimento é sem tamanho. Parecia ser algo inalcançável, mas foi possível, graças ao trabalho de todos vocês, e da família que autorizou a doação”, falou emocionada.

“É o sim da família que faz com que tudo isso aconteça”, pontuou a chefe do Núcleo de Ações Estratégicas da Central Estadual de Transplantes, Rafaela Dias, acrescentando que, “todos os resultados obtidos com o aumento no número de notificações e doações são fruto também do amadurecimento da equipe, que se dedica diuturnamente para salvar vidas.  Dizer ‘sim’ para a doação após a perda de um ente querido pode ser doloroso, mas pode mudar a vida de pessoas que esperam por um transplante”, expressou.

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Para o secretário de Saúde da Paraíba, Jhony Bezerra, a realização de transplantes é uma prioridade para o estado. “Nós avançamos muito nos últimos anos e o nosso compromisso, com o programa Coração Paraibano, é de amparar a assistência em saúde com tecnologia de ponta em todas as regiões do estado. Começar o ano já com uma doação de múltiplos órgãos, beneficiando quatro paraibanos, nos estimula a continuar avançando e salvando vidas”, disse.

Perfil do paciente: Com o diagnóstico de miocardiopatia dilatada idiopática, uma doença grave, progressiva e que tem um alto índice de mortalidade, o paraibano apresentava uma  insuficiência cardíaca avançada, no qual seu coração bombeava na fração de 20%, quando o normal é acima de 55%, segundo explicou a cardiologista clínica e coordenadora do ambulatório para transplante do Metropolitano, Tauanny Frazão. “Seu Francisco cansava nos mínimos esforços. O prognóstico da insuficiência cardíaca avançada é mais sombrio. A literatura dá uma sobrevida de até 3 anos, não mais que isso. Por isso vemos no transplante cardíaco uma boa expectativa de vida de até 10, 15 anos. Lutamos muito para seu Francisco conseguir aguardar a doação de um coração compatível”, discorreu.

Sobre o Metropolitano: O Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires é referência em cardiologia e neurologia e recebeu o credenciamento para realização do transplante cardíaco em junho de 2020. Desde então, foi implantado na unidade o Ambulatório de Transplante para atendimento a pacientes candidatos ao procedimento. Além do transplante em adultos, o Metropolitano tornou-se o 5º hospital público do país habilitado para fazer transplante de coração pediátrico. Em 26 de março de 2022, a unidade hospitalar realizou o primeiro transplante cardíaco 100% SUS pela Paraíba. O paciente beneficiado foi um homem de 60 anos, que recebeu um novo coração de um jovem de 20 anos. No Dia Nacional da Doação de Órgãos, em 27 de setembro do mesmo ano, ele voltou ao Metropolitano para palestrar sobre a importância da doação de órgãos.

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