Certamente você já ouviu ou viu pessoas dizendo que fazer uso de cigarros eletrônicos ou vaporizadores (vapes) traz menos prejuízos que os tradicionais. No entanto, o consenso científico é um só: não apenas esses dispositivos podem trazer problemas de saúde, como esses problemas são os mesmos de um cigarro convencional.
Doenças cardiovasculares (infartos e arritmias), pulmonares (enfisema), inflamações e piora de doenças respiratórias (asma), além de câncer, são algumas consequências negativas para a saúde de quem utiliza vapes. E isso é válido para qualquer Dispositivo Eletrônico para Fumar (DEF), segundo o médico pneumologista e Prof. Rodolfo Bacelar, do curso de Medicina do Unipê.
“O cigarro eletrônico apresenta de tal maneira, mesmo que em menor concentração, substâncias nocivas à saúde. O ‘carro-chefe’ é a nicotina, a responsável pelo vício. Além disso, ela tem efeitos adversos cardiovasculares e no desenvolvimento do sistema nervoso. Outras substâncias como o propilenoglicol, formaldeído e acetaldeído são cancerígenas. Até metais pesados, como chumbo, já foram documentados no cigarro eletrônico”, exemplifica.
Entre outros problemas, Rodolfo cita a dificuldades de memória e irritabilidade, diminuição das defesas pulmonares, o que facilita infecções, e a própria doença pulmonar causada por substâncias presentes no cigarro eletrônico, chamada de EVALI. Essa inflamação impede a passagem do oxigênio dos pulmões para o sangue, levando à necessidade de suporte ventilatório.
“Em surto recente de EVALI, jovens precisaram ir para UTI e utilizar ventiladores mecânicos, existindo até aqueles que precisaram de transplante de pulmão”, conta. Nesse sentido, o relatório Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) divulgado neste ano mostra que 1 a cada 5 jovens de 18 a 24 anos usa cigarros eletrônicos no Brasil, o que seria 19,7% dessa população.
Independentemente do tipo de DEF, Rodolfo reforça que os malefícios podem ocorrer. “Eles consistem no mesmo princípio: uma bateria aquece a solução líquida a ser consumida, habitualmente com nicotina, mas que pode conter outras substâncias. Esse líquido aquecido, vaporizado, é inalado pelo consumidor. E os males vêm exatamente do consumo desses produtos”, pontua.